Como a fé, o senso comum e a lógica trabalham juntos, 1 de 3
Olá a todos,
Um jovem evangelista recebeu um diagnóstico médico grave, com risco de vida. Se fosse clinicamente tratado, ele poderia viver uma vida longa e saudável, mas, se deixado sem tratamento, seria fatal. Ele era casado e tinha filhos pequenos, e escolheu “ficar firme na Palavra” em vez de procurar tratamento médico. Ele “declarava a Palavra” sobre o seu corpo e decretava cura, mas faleceu alguns meses depois.
A sua morte deixou muitos confusos, pois todos “acreditavam”. Todos os que o conheciam decretaram, declararam e oraram. Mas será que a fé não significa que, embora a ciência médica fosse capaz de curar a doença, uma pessoa pode escolher “viver em fé” em vez disso?
Dinheiro
Uma mulher de meios modestos tinha uma amiga rica e, sempre que se encontravam, iam às compras. Tentando acompanhar o estilo de vida da amiga, a mulher rapidamente atingiu o limite dos seus cartões de crédito e, em pouco tempo, percebeu que não tinha dinheiro suficiente para pagar as dívidas. Ela sabia que isso se devia, principalmente, às compras semanais com a amiga.
Ela pediu-me que orasse para que Deus movesse as empresas de cartões a perdoar a sua dívida, mas Ele não o fez. No entanto, Deus trabalhou com ela, ajudando-a a aproximar-se da amiga e a reconhecer o que estava a fazer. Com o tempo, ela aprendeu a pagar as suas dívidas, ao longo de vários anos, e a viver dentro das suas possibilidades.
Sonhos
Uma esposa sonhou que o seu marido, pai dos seus filhos, estava a ser infiel. Ela ficou zangada com ele, embora ele tivesse negado tudo. Os seus sonhos eram causados pelas suas próprias inseguranças, medos e baixa auto-estima. Mas os seus sonhos diziam-lhe que ele estava a relacionar-se com outras mulheres, o que foi confirmado por “interpretes de sonhos” online.
Em vez de lidar com as questões reais da sua imagem pessoal e depressão, ela ficou muitíssimo zangada com o marido quando ele lhe disse que os seus sonhos não eram reais ou verdadeiros. Então, baseada nos sonhos da sua suposta infidelidade, ela divorciou-se, mergulhando ainda mais na depressão e no desânimo. Perdeu um bom marido e alienou-se dos seus filhos. Ele nunca tinha sido infiel e ficou de coração partido ao ver a sua esposa cair numa doença mental e emocional, em vez de enfrentar as difíceis questões dentro de si mesma, que Deus realmente queria que ela lidasse.
Assim chamada “profecia”
Um Pastor e a sua esposa esperavam um bebé, e “palavras proféticas” de amigos diziam que seria uma menina. Estavam tão entusiasmados com todas as “profecias” que não quiseram que o médico lhes dissesse o sexo do bebé. Decoraram o quarto com tons de rosa e pastéis, esperando o seu nascimento. Quando nasceu o menino, ficaram devastados e sentiram-se tolos por terem acreditado em todas as “profecias” de amigos de confiança. Despediram-se ao cargo e afastaram-se de Deus por algum tempo, nunca mais voltando ao ministério.
Negócios
Uma mulher que fazia grandes vendas de garagem ou de quintal uma vez por mês e tinha sucesso, pensou que poderia abrir uma loja. (Nos EUA, uma “venda de garagem” significa vender artigos domésticos a partir da garagem ou do quintal, normalmente realizada às sextas-feiras e sábados). Como as suas vendas mensais tinham sido tão abençoadas, estava convencida de que era Deus quem queria que ela transformasse isso numa loja a tempo inteiro. Escolheu uma localização muito má, na parte de trás de uma pequena fila de lojas, invisível da rua, mas pensou que como Deus estava nisso, Ele traria as pessoas à sua loja. Deus não compensou a sua má escolha de localização, e ela acabou por ter de fechar o negócio, zangada com Deus e a questionar porque Ele não tinha compensado a sua má escolha de localização.
Estes são apenas alguns exemplos de pessoas que deixaram de lado o senso comum e a lógica em favor da “fé”. Saúde, dinheiro, sonhos/espirituais, “palavras de Deus” cobrem várias categorias do que vemos à nossa volta.
Você pode conhecer alguém como as pessoas acima, que se recusa a reconhecer as circunstâncias difíceis, escolhendo decretar e declarar, “expulsar demónios” da situação ou está completamente em negação. Você pode conhecer alguém que abriu um negócio pensando que Deus era o seu parceiro silencioso e rico, que compensaria as suas decisões pouco sábias.
Ou pode conhecer alguém que não consegue viver dentro do seu orçamento, embora ganhe dinheiro suficiente, e que, em vez de se disciplinar, escolhe acreditar que Deus quer que eles sejam mais ricos do que são, por isso, gastam sem parar, entrando mais e mais em dívida a cada mês que passa.
Todas essas pessoas não conseguiram acreditar que Deus as estava a pedir que lidassem com questões profundas de caráter. Foram ensinadas que a fé tem a ver com riqueza, saúde, vida fácil e prosperidade em todas as coisas. Ninguém lhes ensinou que ser discípulo de Jesus, um aprendiz, é realmente aprender os Seus caminhos e aplicá-los ao nosso caráter, aos nossos pensamentos, emoções e estilo de vida.
Hebreus 11:3: Pela da fé entendemos...
“Pela fé entendemos que os mundos (o universo) pela palavra de Deus foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente”
Pela fé entendemos. Os exemplos acima são de pessoas que pensavam estar a agir em fé e entendimento. Mas não estavam a agir em fé, nem entendiam corretamente. Pensavam que a fé poderia ser usada para encobrir os seus erros ou que a fé significava que não precisavam de tomar decisões difíceis para a sua saúde ou negócios, que Deus compensaria todas as faltas – pensavam que a fé era uma ferramenta desvinculada da pessoa de Deus, independente Dele e da revelação da Sua vontade, mas não é. A fé é a nossa resposta a uma revelação da Sua graça.
Na maioria das vezes, a decisão de Deus é a decisão difícil. Pedro escreveu em II Pedro 1:3-4:
“Visto como o seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito à vida e piedade, pelo conhecimento d’Aquele que nos chamou pela sua glória e virtude; Pelas quais ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas fiqueis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que pela concupiscência há no mundo.”
A cultura da igreja moderna diz às pessoas que as promessas são para a nossa saúde, riqueza e prosperidade em todas as coisas. Mas aqui nos é dito que as promessas nos são dadas “para que nos tornemos participantes da natureza divina”. As promessas têm, antes de tudo, a ver com a formação de Cristo em nós até chegarmos à maturidade. É por isso que digo que, na maioria das vezes, a decisão de Deus será a difícil – passar pelo tratamento médico, controlar os seus gastos e sair da dívida, tomar a decisão difícil e sábia nos negócios, e encontrar as suas respostas com o seu cônjuge e com Deus.
Se olharmos para a história recente do movimento carismático, vemos muitas “vertentes” de fé cujas tradições centrais (dos homens, não de Deus) se baseiam em dizer a Deus o que fazer, ou mudar as suas circunstâncias através dos seus próprios esforços. Métodos como “nomear e receber” ou a versão moderna “decretar e declarar”, amarrar o diabo e comandar os anjos, e até “clamar pelo sangue” podem ser incluídas na categoria de pessoas que não aceitam a situação que têm à sua frente. Para evitar as decisões difíceis ou evitar a confrontação, foram ensinadas a “usar a fé” para mudar as circunstâncias, comandando, declarando, amarrando ou soltando. Elas culpam o diabo em vez de reconhecerem as suas próprias decisões erradas e preferem escapar da situação a crescer em Cristo. Perderam o seu primeiro amor de querer ser como Ele, de dar tudo por Ele.
Na próxima semana iremos continuar este tema, colocando a fé, o senso comum e a lógica na devida perspetiva. Até lá, bênçãos,
John Fenn
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